quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ler Matéria - Jornal O CLARIM

Quem foi o inventor da morte?
Octávio Caúmo Serrano

Ser espírita é uma felicidade. Além de saber que a vida na Terra é provisória e secundária, o espírita deixa de ter medo de morrer porque já compreende que a morte é o coroamento da vida; viveu bem, morre bem; viveu mal, morre mal.
O que precisamos definir é o que realmente é viver bem ou mal. Em razão do mundo material, extremamente apelativo, confundimos viver bem com ter casa grande e bonita, comer do bom e do melhor, vestir as grifes mais famosas e ter um corpo que sirva de espasmo sensual para quem olha.
Viver bem é sinônimo de poder temporal, de ocupação de cargos, mesmo conquistados à custa de atos desonestos, o abuso da força pela posição social com opressão dos mais fracos. É ser bajulado pelos que querem tirar algum proveito de seu valor diante dos homens.
Viver mal é ter um emprego miserável, viver em casa modesta, estudar em escola rudimentar e passar fome como rotina de vida. É vestir roupas doadas e ter brinquedos de segunda mão. Viver mal é fazer sacrifícios permanentes para conseguir a sobrevivência e ser quase sempre confundido com marginal, porque vive em comunidades sem as mais elementares estruturas.
Viver mal é não ter um modesto plano de saúde e precisar do SUS nas horas de angústia, esperando atendimento nos corredores transformados em UTIs nos hospitais. Viver mal é morrer por falta de assistência que afronta os mais elementares direitos humanos.
Mas, se depois de viver bem, conforme relatamos atrás, e não contabilizarmos méritos para receber de Deus a paz de consciência, por meio da ajuda que prestemos ao semelhante, não vivemos bem! Ao contrário, se vivemos mal, mas demos à nossa vida a utilidade para a qual viemos ao mundo, servindo, amando e mantendo intacta a moralidade e a dignidade, a par de uma fé imperturbável, não vivemos mal!
Uma coisa é o mundo material e outra, bem diferente, é o mundo espiritual.
Se analisarmos Teresa de Calcutá, veremos que ela poderia ter vivido como rica. No entanto, a partir de 1931, com 21 anos de idade, foi para a Índia onde tornou-se missionária na defesa dos deserdados da sorte. O mesmo se deu com Chico Xavier que poderia ter sido milionário com a edição de mais de quatrocentos livros, o primeiro com 21 anos de idade, e que desencarnou pobre, mas com uma bagagem espiritual maior que a dos reconhecidos e canonizados santos. Poderiam ter vivido bem, no conceito dos homens, mas preferiram viver bem, no juízo de Deus.
Verifiquemos, cada um de nós, se estamos vivendo bem ou mal. Mas que a nossa análise não se restrinja aos valores do mundo, mas ao que estamos plantando para o futuro, que sempre chega mais depressa do que imaginamos.

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