quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Assalto do Bem

“(...) Sigamos, pois as coisas que servem para a paz e para a edificação”. Paulo. (Ro., 14:19.)

Não será com os olhos postos no chão da Terra e nos alvitres do materialismo imediatista ou no hedonismo soez, que lograremos alcançar a paz do coração e tampouco repouso para nossas Almas.

Ao se inteirar do conteúdo doutrinário da Codificação espiritista, com sua filosofia ímpar, singular, o Dr. Bezerra de Menezes declarou: “Finalmente encontrei onde descansar a minha Alma”.

Tal como o preclaro Médico dos Pobres, inúmeros vexilários do amor e da paz encontraram – também – os seus “caminhos de Damasco”, entre eles Saulo convertido em Paulo, o impertérrito Bandeirante da Boa Nova, a renovada Maria de Magdala, egressa dos marnéis da devassidão moral para o posto de mãezinha abnegada e afetuosa dos leprosos; Zaqueu, o rico fariseu, onzenário, que dobra a cerviz aos alcandorados alvitres do Meigo Pastor das Almas; Francisco de Assis, rico herdeiro elege a dama pobreza como companheira inseparável; Santo Agostinho, que se tornou um dos Pais da Igreja e profícuo colaborador da Codificação Espiritista; Chico Xavier, Irmã Dulce, Madre Tereza de Calcutá, Gandhi, o libertador do povo indiano... Não será exagero dizer que, de repente, esses Irmãos Maiores tomaram de assalto o Reino dos Céus.

Para seguir-lhes as luminosas pegadas, nosso querido confrade Jorge Andréa dos Santos nos aconselha1 a “procurar a convivência no Bem, nas realizações, por mais simples que sejam, nos auxílios adequados aos necessitados, enfim, espalhando probidade, nobreza, amor, a fim de alimentarmos a rede nervosa (perispírito e corpo físico), equilibrando o impulso evolutivo a que estamos subordinados, a fim de serem detidos os desequilíbrios pelas respostas ajustadas.

Temos que lutar contra as emoções destoantes e destrutivas, e evitarmos ser o que alguém disse: “emocionólatras”. Precisamos combater os vícios dos sentimentos, apagando as sombras existentes, com uma autêntica filtragem dos pensamentos. Estamos encarnados para preencher nossos sentimentos com emoções felizes e criadoras, tornando presente o que ainda não conhecemos devidamente: o real impulso da evolução.

Encontramo-nos na Terra em momento cíclico de transformações, a fim de procurarmos, de braços dados com a ciência, novas e mais precisas avaliações do Espírito Imortal, percorrendo o caminho de nossas destinações felizes, buscando as coisas novas que nos esperam e aguardam, ou seja: a busca da felicidade em patamares dimensionais ainda desconhecidos”.

Na introdução do notável livro: “Entre os Dois Mundos”, psicografado por Divaldo Franco, o egrégio Espírito Manoel Philomeno de Miranda aduz:

“(...) Cada criatura gera campo emocional de identificação com uma esfera equivalente entre os dois mundos, passando a habitá-la desde então, mediante a nutrição ideológica mantida. Eis por que a ascensão é feita passo a passo ou é conquistada de assalto, quando existe a resolução de alterar, por definitivo, a maneira de encarar a existência e de entregar-se aos objetivos sublimes que a todos aguardam”.

Os Irmãos Maiores anteriormente citados são alguns dos melhores exemplos desse assalto ao reino dos Céus.

Conclui Miranda:

“(...) Saltando da faixa em que se encontravam para os esplendores da Vida Abundante, ali se instalaram, após as refregas que os santificaram. Mas não o conseguiram por privilégios, que não existem, mas sim pelo empreendimento de total entrega a Deus e a Seu Filho, seguindo-Lhe as pegadas e abraçando o sofrimento da Humanidade como de sua própria necessidade evolutiva.

Assim, é natural que, nem todos aqueles que se candidatam à santificação, consigam desembaraçar-se do cipoal das paixões a que se encontram atados, necessitando de reforço de energia e de encorajamento, a fim de poderem enfrentar os desafios externos e os impulsos interiores que procedem dos vícios não superados e das paixões inferiores não sublimadas.

Investimentos espirituais de alto valor são realizados em benefício de reencarnações importantes, que nem sempre redundam em êxito, como decorrência das fixações anteriores e dos hábitos perniciosos de que não se conseguiram libertar esses candidatos à elevação. Muitas vezes, malbaratando a ensancha nobre, porque ressumam os condicionamentos que os tomam por completo, tombam nos resvaladouros do insucesso, retornando, aflitos e infelizes, passando por longo período de convalescença, a fim de volverem a futuras experiências iluminativas.

Noutras circunstâncias, reencontrando aqueles aos quais prejudicaram, sofrem-lhes as injunções penosas, as perseguições contínuas, sendo arrastados a processos lamentáveis de obsessões, em que se perturbam gravemente, distanciando-se dos deveres que deveriam cumprir mesmo que através de sacrifícios continuados.

Em outras ocasiões, experimentando os efeitos da-nosos dos atos transatos, debilitam-se diante de enfermidades dilaceradoras ou de transtornos na área da afetividade, que os empurram a fugas espetaculares na direção de depressões graves, que redundam em suicídios danosos e de conseqüências imprevisíveis.

Objetivando a diminuição dos problemas, em face dos graves compromissos assumidos, Amigos espirituais devotados, em nome do Amor constantemente visitam-nos, de modo a tornar-lhes menos ásperas as provações e a auxiliá-los na desincumbência das responsabilidades que lhes dizem respeito”.

Como podemos depreender, é de toda conveniência abandonarmos – em regime de urgência – as nossas idiossincrasias negativas e não retardarmos ainda mais o dia “D” de nossas vidas, tomando logo de assalto o Reino dos Céus, a fim de estabelecermos em nossa intimidade e em redor dos nossos passos o primado da paz e do amor, tendo – finalmente –, onde descansar nossa Alma, sob as bênçãos d’Aquele que é manso e humilde de coração cujo fardo é leve e suave o jugo.

1. SANTOS, Jorge Andréa. Revista “Presença Espírita”. Bimestre Jul/Ago/2008, nº. 267, p. 36.

Rogério Coelho

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