quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

ESPIRITISMO na prática DORIS MADEIRA GANDRES

“Diariamente a experiência confirma a nossa opinião de que as dificuldades e desilusões encontradas na prática espírita decorrem da ignorância dos princípios doutrinários.” Allan Kardec – "O Livro dos Médiuns" – Introdução.
“Exatamente por deficiência de estudo regular ou metódico, e de mais penetração no âmago da Doutrina, é que estamos vendo, lamentavelmente, tantas distorções e tanta inoculação de idéias pessoais, em nome do Espiritismo...”
“O futuro do Espiritismo depende da unidade doutrinária. Sem unidade, cada qual fará o seu Espiritismo ou apresentará a Doutrina a seu modo, como se ela não fosse realmente um corpo homogêneo.” Deolindo Amorim – "Ponderações Doutrinárias" – Capítulo: "Allan Kardec e a Unidade Doutrinária”
“Todos falam de Espiritismo, bem ou mal (...) Grandes instituições espíritas, geralmente fundadas por pessoas sérias, tornam-se às vezes verdadeiras fontes de confusão a respeito do sentido e da natureza da Doutrina. O Espiritismo, nascido ontem, nos meados do século passado, é hoje o Grande Desconhecido dos que o aprovam e o louvam e dos que o atacam e criticam.” José Herculano Pires – "Curso Dinâmico de Espiritismo" – “O Grande Desconhecido”
“As relações humanas se modificam quando oferecemos aos homens uma visão mais humana e mais lógica da Realidade Universal. Essa visão não tem sido apresentada pelos espíritas que, na sua maioria, se deixam levar apenas pelo aspecto religioso da doutrina, assim mesmo deformado pela influência de formações religiosas anteriores (...) Se compreenderem a necessidade urgente de se aprofundarem no conhecimento da Doutrina, de maneira a formarem uma sólida e esclarecida convicção espírita, poderão realmente contribuir para a modificação do mundo em que vivemos.” José Herculano Pires – "Curso Dinâmico de Espiritismo" – Capítulo 17 – Ação espírita na transformação do mundo

Deolindo Amorim e José Herculano Pires, dois grandes nomes do meio e do movimento espíritas, ambos conhecedores profundos da doutrina, mas que, no entanto, se vêem cada vez mais relegados ao esquecimento, cada vez menos encontrados nas livrarias das casas espíritas, cada vez mais entregues à poeira das estantes de alguns poucos espíritas que tiveram a sorte de conhecê-los ou de ler alguns de seus livros e compreenderam o seu empenho e o seu esforço na divulgação doutrinária livre de personalismos e inovações, buscando sempre que necessário alertar e esclarecer os companheiros de ideal de forma transparente e fraterna.
Mas, ao que parece, a nós espíritas custa-nos ainda exercer o nosso livre-arbítrio com base na lógica, na razão e no bom-senso apoiados no amor e na ética; ainda tememos assumir a ferramenta maior para nossa evolução que é a responsabilidade; ainda preferimos a ilusão, agarrando-nos a enganosos conceitos religiosistas do passado, aferrando-nos a um evangelismo e a um jesuismo que, lamentavelmente, até hoje, não conduziram o homem ao verdadeiro conhecimento das leis de Deus e, portanto, à sua libertação.
Herculano Pires, em seu livro "Curso Dinâmico de Espiritismo", capítulo 17 – Ação espírita na transformação do mundo, analisa certamente com tristeza: “Este amargo panorama afastou do meio espírita muitas criaturas dotadas de excelentes condições para ajudarem o movimento a se organizar num plano superior de cultura. Isso é tanto mais grave quanto o nosso tempo que não justifica o que aconteceu com o Cristianismo deformado totalmente num tempo de ignorância e atraso cultural. Pelo contrário, o Espiritismo surgiu numa fase de acelerado desenvolvimento cultural e espiritual, em que os espíritas contaram e contam com os maiores recursos de conhecimento e progresso de que a humanidade terrena já dispôs.”
Não se trata de renegar os evangelhos que relatam os feitos e ensinamentos do Mestre Nazareno; muito menos de devotar menos reconhecimento e carinho por esse irmão maior indicado pela nossa doutrina como nosso modelo e guia ("O Livro dos Espíritos", questão 625 e comentário de Allan Kardec) – trata-se simplesmente de procurar redimensionar nosso entendimento com relação a esse assunto, de não continuar a “divinizar” Jesus de Nazaré, caindo numa idolatria piegas superlotada de adjetivos que, com certeza, não são absolutamente do agrado desse esclarecido espírito...
Ao preparar "O Evangelho Segundo o Espiritismo", Kardec procurou selecionar basicamente os ensinamentos morais ministrados por Jesus, os quais são efetivamente aqueles que nos servirão para a elaboração da nossa evolução ético-fraterno-solidária.
Deolindo Amorim, em seu livro "O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas", 2° item – O Evangelho e a Interpretação Espírita, nos esclarece: “O Espiritismo preocupa-se fundamentalmente com a substância moral do Evangelho (...) O Evangelho, praticamente falando, é um código de vida (...) segundo o Espiritismo não deve ser considerado um mero tratado de fé, porque deve ser, acima de tudo, um motivo permanente de ação regeneradora (...) Devemos pois firmar um ponto: É o Espiritismo que interpreta o Evangelho, não é o evangelho que interpreta o Espiritismo.”
Lembramos ainda Deolindo, em sua afirmação no capítulo Definição e Opção, no livro "O Espiritismo e os Problemas Humanos", de que “O Espiritismo é, para nós, uma filosofia de vida, não é simplesmente uma crença”.
É também muito clara a conclusão a que nos remete Kardec no 7° item – Conclusão – de O Livro dos Espíritos: “O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: (1) o das manifestações, (2) o dos princípios de filosofia e moral que delas decorrem e (3) o da aplicação desses princípios”.
E no 6° item anterior o Codificador declara com muita propriedade, depois de analisar criteriosamente todas as 1019 respostas dadas pelos Espíritos que com ele elaboraram a nossa doutrina: “Seria fazer uma idéia bem falsa do Espiritismo acreditar que ele tira a sua força da prática das manifestações materiais e que, portanto, entravando-se essas manifestações pode-se minar-lhe as bases. Sua força está na filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom-senso (...) fala uma linguagem clara, sem ambigüidades; nada há nele de místico, nada de alegorias suscetíveis de falsas interpretações. Quer ser compreendido por todos, porque os tempos são chegados de se fazer que os homens conheçam a verdade. Longe de se opor à difusão da luz, ele a deseja para todos; não reclama uma crença cega, mas quer que se saiba por que se crê...”
Foi por isso que Herculano naquele mesmo livro acima citado ainda nos conclama: “Onde fica o princípio do Amor em tudo isso? Quem revelou amor à Verdade? Quem provou amar e respeitar a doutrina? Quem mostrou amar ao seu semelhante e por isso querer realmente ajudá-lo, orientá-lo, esclarecê-lo (...) Cada espírita, ao aceitar e compreender a grandeza da causa doutrinária e sua finalidade suprema – que é a transformação moral, social, cultural e espiritual do nosso mundo – assume um grave compromisso com a sua própria consciência.”
Tudo isso, amigos, que aqui transcrevo, agora que mais um ano terreno finaliza, faço-o com o coração cheio de carinho e com a mais sincera intenção de fazer, tanto quanto me for possível, com que despertemos finalmente para o entendimento de que nós, espíritas, dispomos da mais segura ferramenta para promover a nossa libertação dos acanhados horizontes em que nos debatíamos, às cegas, sempre à espera de que algum “salvador”, “guia”, “guru”, enfim qualquer seja o nome escolhido, viesse nos dizer como agir...
Para finalizar, relembramos o conselho do Espírito Verdade: “Espíritas, em primeiro lugar, amai-vos; em segundo, instruí-vos.”

Nenhum comentário: