quarta-feira, 28 de abril de 2010

Moradores de rua

Hoje, a cidade de São Paulo possui 13 mil pessoas vivendo em situação de rua. É o que revela censo realizado no fim do ano passado e que será divulgado nos próximos dias. Pela nova contagem, nos últimos nove anos a maior metrópole brasileira ganhou 4.000 novos desabrigados.

Entre as principais causas do problema apontadas pela pesquisa estão o aumento no consumo de drogas, principalmente o crack, e álcool, desemprego e falha em políticas sociais. Atualmente, a capital paulista possui pouco mais de 7.000 vagas em albergues da prefeitura, 1.000 a menos que no ano passado, quando uma unidade foi fechada.

São informações de reportagem dos jornalistas Evandro Spinelli, André Caramante e Letícia de Castro, publicada na edição de 1o de março da “FolhaOnline”.

A propósito do tema, vale recordar a página “Mensagem do homem triste”, de Meimei, parte do livro “Ideal Espírita” (ed. CEC), de Espíritos diversos, psicografado por Francisco Cândido Xavier:

“Passaste por mim com simpatia, mas, quando me viste os olhos parados, indagaste em silêncio porque vagueio na rua.

Talvez por isso estugaste o passo e, embora te quisesse chamar, a palavra esmoreceu-me na boca.

É possível tenhas suposto que desisti do trabalho, no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina a oficina... Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar dignamente o meu pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à inutilidade; e outros, desconhecendo que vendi minha roupa melhor para aliviar a esposa doente, despediram-me apressados, acreditando-me vagabundo sem profissão.

Não sei se notaste quando o guarda me arrancou à contemplação da vitrina, a gritar-me palavras duras, qual se eu fosse vulgar malfeitor. Crê, porém, que nem de leve me passou pela mente a ideia de furto; apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçarem com fome, quando retorno à casa.

Ignoro se observaste as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando-me embriagado, porque eu tremesse, encostado ao poste; afastaram-se todas, com manifesto desprezo, contudo não tive coragem de explicar-lhes que não tomo qualquer alimento há três dias...

A ti, porém, que me fitaste sem medo, ouso rogar apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do Cristo que dizemos amar, peço me restituas a esperança, a fim de que eu possa honrar, com alegria, o dom de viver. Para isso, basta que te aproximes de mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio, que ainda sou teu irmão.”

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