domingo, 2 de maio de 2010

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

“Generalidade e concordância no ensino, esse o caráter essencial da doutrina, a condição mesma da sua existência, donde resulta que todo o princípio que ainda não haja recebido a consagração do controle da generalidade não pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina. Será uma simples opinião isolada, da qual não pode o Espiritismo assumir a responsabilidade.” Esta é a nossa visão desta passagem que tem causado tantas dúvidas.

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
A compreensão desta passagem implica no estudo e conhecimento prévio do Salmo 22. Neste Salmo, vemos o médium (Davi), descrevendo com suas palavras e sentimentos a visão profética do evento da Crucificação, algumas dezenas de séculos antes da ocorrência do mesmo.
No Salmo 22, v 1 são estas as expressões do Salmista: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?, por que te alongas das palavras do meu bramido, e não me auxilias.”. v 16 “….traspassaram-me as mãos e os pés.”. v 18 “Repartem entre si os meus vestidos, e lançam sortes sobre a minha túnica.” Aqui estão registradas as impressões do médium diante de sua visão: o Filho de Deus enviado ao mundo para salvar o povo de Deus, sendo morto na cruz. Deus o desamparou e em consequência conseguiram matá-lo. Deus não conseguiu evitar e a expressão foi a decepção de Davi em função daquilo que ele via, um profeta sendo desamparado por Deus: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Palavras de Davi procurando interpretar o sentimento do profeta que estaria sendo crucificado.
Nos Evangelhos de Mateus 27,v 46 e Marcos 15, v 4 temos o registro da expressão “Meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?”. Nos Evangelhos de Lucas 23, v 46 e S.João 19,v 30 não há o registro desta expressão. Nos quatro evangelhos, Mateus 27, v 35; Marcos 15, v 24; Lucas 23, v 34 e S.João 19, v 24 são registradas as cenas referentes à disputa da túnica pelos soldados romanos, confirmando a visão profética do médium Davi.
Jesus já em outras ocasiões evocara a Escritura pois se utiliza dos valores e referências judaicas; a Lei, a Escritura, O Tanach. Em João 10, v 33 a 36 “Os Judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia porque sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Respondeu-lhes Jesus: Não esta escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?. Pois se a lei chamou deuses aqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada). Aquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas porque disse: Sou Filho de Deus?,” referindo-se ao Salmo 82,v 6.
Portanto, Jesus recitou o Salmo 22 que profetizou, descreveu o término da sua Missão; na visão do médium Davi que interpretou a cena que assistia e como estaria se sentindo Jesus que na sua avaliação estaria sendo abandonado por Deus; como outras partes da Escritura haviam previsto seu nascimento e várias passagens da sua Missão.
Não poderíamos deixar de lembrar ao final deste artigo segundo o Espiritismo, as palavras de Kardec na introdução da Gênese: “Generalidade e concordância no ensino, esse o caráter essencial da doutrina, a condição mesma da sua existência, donde resulta que todo o princípio que ainda não haja recebido a consagração do controle da generalidade não pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina. Será uma simples opinião isolada, da qual não pode o Espiritismo assumir a responsabilidade.”
Posto isto, enfatizamos; esta é a nossa visão do assunto, existem outras. Nenhuma delas representa ainda a visão do Espiritismo sobre o assunto, porque falta a consagração do controle da generalidade. Nossa colaboração visa unicamente, tentar cooperar para que algum dia haja esta consagração sobre este tema.
Luiz Pessoa Guimarães
Bibliografia: A Bíblia Sagrada
Tradução de João Ferreira de Almeida
Imprensa Bíblica Brasileira.
1962 – 14ª Impressão.


Fonte : Luiz Pessoa Guimarães

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