domingo, 19 de setembro de 2010

Ler Matéria - Revista RIE

Desobsessão
Richard Simonetti

Como lidar com Espíritos obsessores que se manifestam em reuniões mediúnicas, impermeáveis ao bom senso, empolgados por propósitos de vingança?
É preciso entrar na dele, isto é, conquistar sua simpatia, em princípio, não contestando sua ação, o que apenas o colocará na defensiva.

Admitir como certo o que está fazendo de errado?
Em princípio apenas. Se o Espírito, por exemplo, está vingando-se de um desafeto que em existência anterior dizimou sua família para apropriar-se de seus bens, será inútil dizer que ele está contrariando a vontade de Deus, porquanto dirá que Deus não interferiu quando seus familiares e ele próprio foram assassinados.

Qual seria o próximo passo, após conquistar sua simpatia?
Há dois apelos que podemos fazer: da razão e do coração. Da razão seria argumentar que o grande prejudicado é ele mesmo, que está se situando como alguém que se fechou numa cela por sua própria vontade, recusando-se a usar a chave que o libertaria: o perdão. Falar do tempo perdido, do sofrimento desnecessário, dos prejuízos que causa a si mesmo.

E o apelo do coração?
Falar de sua família. Onde estão seus familiares? Enfatizar que é preciso mudar as disposições para que possa reencontrá-los. Se conseguirmos sensibilizá-lo em relação a um possível reencontro, estimulando-o, como condição, a renunciar à perseguição, teremos vencido a batalha. Os reflexos se farão sentir de imediato junto ao obsidiado, que experimentará inesperada recuperação em seus males.

E se o Espírito insiste em seus propósitos, não obstante o apelo da razão e do coração?
Então que funcione o coração do grupo, todos a vibrar em favor do Espírito, acompanhando a oração do companheiro que está dialogando com ele. A oração realiza prodígios nesse sentido. Tenho visto Espíritos obsessores recalcitrantes e endurecidos que amolecem, quando oramos com fervor em seu benefício, evocando a proteção divina e favorecendo a ação de mentores espirituais e até de familiares que se apresentam diante deles.

E quando o Espírito diz estar “contratado” por alguém, encarnado ou desencarnado, para perturbar um desafeto?
Aqui é preciso definir bem a condição do Espírito. Se é, como costuma acontecer, alguém sem instrução, sem clareza de raciocínio, autêntico indigente da espiritualidade, há vários recursos que podemos mobilizar, como, por exemplo, dizer-lhe que está na iminência de ser preso e que foi levado ali por amigos, a fim de mudar o seu comportamento e evitar a prisão.

Geralmente esses espíritos “mandados” temem represália se não cumprem ordens.
Em situações assim, é preciso oferecer ao Espírito abrigo e amparo em instituições socorristas do mundo espiritual, sob orientação dos mentores, ajudando-o a sair de uma situação que não o agrada, como alguém que se sente obrigado a fazer algo que não deseja.

E quando todos esses recursos mobilizados não funcionam, como no caso de Espíritos que se comprazem em dominar a mente humana, inteligentes, rebeldes, que riem de nossos esforços por modificar suas disposições?
Entendo que os mentores espirituais não perderiam tempo conduzindo à reunião mediúnica Espíritos impermeáveis ao nosso empenho. Ainda que riam de nossos esforços, sempre ficarão sementes de renovação que mais cedo ou mais tarde germinarão em suas almas. Estejamos certos disso.

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