sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

De coração para coração

Ensina o Espiritismo que, se o
homem goza da liberdade de pensar,
goza igualmente da liberdade de
obrar. O livre-arbítrio é apanágio da
criatura humana. Sem ele, o homem
seria uma máquina.
Nas primeiras fases da vida, quase
nula é a liberdade, que se desenvolve
e muda de objeto com o desenvolvimento
das faculdades do indivíduo.
A liberdade é a condição necessária
da alma humana, que não
poderia construir seu destino, caso
não a desfrutasse. Mas a liberdade e
a responsabilidade são correlativas no
ser e aumentam com sua elevação.
É a responsabilidade do homem
que faz sua dignidade e moralidade.
Sem responsabilidade, o homem não
seria mais do que um autômato, um
joguete das forças ambientes. A noção
de moralidade é, pois,
inseparável da de liberdade.
Quando resolvemos fazer ou deixar
de fazer alguma coisa, nossa
consciência sempre nos alerta a respeito,
aprovando-nos ou censurandonos.
Apesar de essa voz íntima nos
alertar, sempre agimos conforme o
que foi decidido por nossa vontade
ou livre-arbítrio. Nada nos coage nos
momentos de decisões próprias, daí
ser correto afirmar que somos responsáveis
pelos nossos atos e que, por
conseguinte, somos os construtores
do nosso próprio destino.
O livre-arbítrio pode, portanto,
ser definido como a faculdade que
tem o indivíduo de determinar sua
própria conduta, ou seja, a possibilidade
que ele tem de, entre duas ou
mais razões suficientes de querer ou
de agir, escolher uma delas e fazer
que prevaleça sobre as outras.
A ideia de que a vida seja guiada
por um determinismo pelo qual todos
os acontecimentos estão fatalmente
preestabelecidos é equivocada, ingênua
e simplória, porque, se assim fosse, o
homem não seria um ser pensante, capaz
de tomar resoluções e de interferir
no progresso. Seria apenas uma máquina
robotizada, irresponsável, à mercê
dos acontecimentos.
O livre-arbítrio, a livre vontade
que tem o Espírito de agir, exerce-se
principalmente na hora em que o Espírito
se prepara para uma nova existência
corpórea. Escolhendo a família
e o meio social em que viverá, sabe
ele de antemão quais as provações que
o aguardam, mas compreende, igualmente,
a necessidade delas para o desenvolvimento
de suas qualidades, a
cura dos seus defeitos e a libertação
de seus preconceitos e vícios.
Livre-arbítrio e responsabilidade
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - aoofilho@yahoo.com.br
De Londrina
Essas provações podem ser também
consequência de um passado nefasto,
que é preciso reparar, e ele as
aceita com resignação e confiança. O
futuro aparece-lhe, então, não em seus
pormenores, mas em seus traços mais
salientes, isto é, na medida em que esse
futuro é a consequência dos atos que
vão sendo praticados.
A Doutrina Espírita ensina que
de duas espécies são as vicissitudes
da vida, ou seja, promanam elas de
duas fontes bem diferentes. Umas
têm sua causa na vida presente; outras
têm-nas fora desta vida.
Se remontarmos à origem dos
nossos males terrestres, veremos que
muitos são a consequência direta de
nosso caráter e de nosso procedimento.
Há pessoas que são vítimas de sua
imprevidência, de seu orgulho e de
sua ambição. Muitos se arruínam por
falta de ordem, de perseverança, pelo
mau proceder, ou por não terem sabido
limitar seus desejos. Não são
poucas as enfermidades que decorrem
da intemperança e dos excessos
de todo gênero. A quem essas pessoas
irão responsabilizar por todas essas
aflições, senão a si mesmas?
Há, contudo, males que se dão
sem que o indivíduo, ao menos aparentemente,
tenha qualquer culpa.
São dores e vicissitudes cuja origem
se encontra em atos praticados em
existências pregressas, como, por
exemplo, os acidentes que nenhuma
previsão pode impedir; os reveses da
fortuna, que frustram todas as precauções
ditadas pela prudência; os
flagelos naturais, as enfermidades de
nascença, sobretudo as que tiram a
tantas pessoas os meios de ganhar a
vida pelo trabalho.
Os que enfrentam essas provações,
sem que tenham feito nada na
atual existência para merecerem tão
triste sorte, colhem evidentemente
os efeitos de seus atos passados,
porquanto não há sofrimento sem
causa, e a lei de ação e reação, que
rege a nossa vida, determina que, se
somos livres na semeadura, somos
escravos na colheita.

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