quinta-feira, 3 de maio de 2012

Atenção À Palavra


JANE MARTINS VILELA 
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)

 
Atenção à palavra

Parodiando Casimiro de Abreu: “Oh! que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais!”, pensamos, ao recordar o passado: “Oh! que saudades que eu tenho da época em que Jerônimo Mendonça, o Gigante Deitado, estava encarnado!”
Líamos para ele diariamente, das 13 às 18 horas, de segunda a sexta-feira, em Ituiutaba, Minas Gerais, nas nossas férias. Ele costumava dizer que nossas férias eram as dele, e ler para ele era um grande prazer de nossa parte. No momento em que fomos apresentada a ele, cego, paralisado no leito, admiramos sua postura mental, de fortaleza e bom ânimo. Ele pediu-nos que lêssemos para ele, ao que aquiescemos com gentileza. Seria uma oportunidade de servir. Mal sabíamos que estávamos tendo uma divina oportunidade de aprendizado. Durante 5 horas líamos e conversávamos. A leitura era interrompida inúmeras vezes por pessoas necessitadas que viam nele  uma possibilidade de socorro, um alento, uma palavra amiga. Ora filas na porta de sua casa, ora telefonemas, quando segurávamos para ele o telefone. Ele, paralítico, cego, com dores atrozes, era o bálsamo e a consolação para os aflitos. Admirávamos sua inteligência, sua memória, seu conhecimento espírita. Nenhuma palavra destrutiva em momento algum, nenhum conselho fora de Jesus e Kardec. Horas depois, saindo dali, parecia que nosso corpo estava leve, dado o alto teor das conversações que presenciávamos, assuntos que engrandeciam o conhecimento, nenhum momento fútil, nenhum tempo perdido.
Hoje estamos presenciando muitas notícias desagradáveis derramadas em nossos lares pela mídia. As pessoas se encontram e, em poucos momentos, já se estabelecem comentários sobre aquilo que chocou, seja na política, seja na sociedade, de modo que o mal parece banalizar-se.
Vemos o desânimo atingindo a muitos.
Precisamos lembrar-nos da necessidade da vigilância de nossos pensamentos, de nossas palavras. Necessitamos, sim, estar bem informados, mas não inconformados e também não conformistas. Trabalhadores do bem e da paz, sejamos arautos da esperança nos gestos e nas palavras, sabedores do que se passa no mundo, mas não propagadores do mal.
André Luiz pela psicografia de Chico Xavier relata que toda vez que alguém comenta o mal, inconscientemente está arrasando o bem.
No livro “Obreiros da Vida Eterna”, também psicografado por Chico Xavier, André Luiz nos envia as orientações do instrutor Cornélio, no Santuário das Bênçãos:
- É lamentável se dê tão escassa atenção, na crosta da Terra, ao poder do verbo, atualmente tão desmoralizado entre os homens... Não se precatam nossos irmãos de humanidade de que o verbo está criando imagens vivas que se desenvolvem no terreno mental a que são projetadas, produzindo conseqüências boas ou más, segundo a sua origem. Essas formas naturalmente vivem e proliferam e, considerando-se a inferioridade dos desejos e aspirações das criaturas humanas, semelhantes criações temporárias não se destinam senão a serviços destruidores, através de atritos formidáveis, se bem que invisíveis.
Toda conversação prepara acontecimentos de conformidade com a sua natureza. Dentro das leis vibratórias que nos circundam por todos os lados, é uma força indireta de estranho e vigoroso poder, induzindo sempre aos objetivos velados de quem lhe assume a direção intencional...
Jesus nos alertou muito sobre a palavra. Referia que não era aquilo que entrava pela boca do homem que o matava, mas sim o que saía dela, pois a palavra revelava o que estava em seu coração.
Façamos o esforço de eliminar o hábito infeliz de “falar mal”, de “fazer fofoca”, de comentar o mal. Que esse esforço seja dobrado no que se refere à política. Evitemos bombardear nossos governantes com dardos energéticos negativos. A desesperança está grande. Sejamos aquele que ora, que age no bem, fazendo a nossa parte para a edificação de um mundo melhor
Lembramos como era agradável a presença  de Jerônimo Mendonça, com seu verbo  edificante.
Nessa hora difícil que vemos, vamos manter a esperança, e que seja a nossa palavra revestida pelo conhecimento espírita, enaltecendo a fé num futuro melhor, a certeza de que os males irão passar.
Mantenhamo-nos firmes no bem. Não esmoreçamos. Tenhamos fortaleza e ânimo elevado. Sejamos os trabalhadores anônimos, mas constantes  do Cristo, que tanto nos ama e continua aguardando o despertar do nosso amor.

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