quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Futuro


MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com

Brasília, DF (Brasil)
 
O futuro

Não há um filme a que eu assista que não apresente um futuro catastrófico para o planeta Terra, pintado em um mundo cinza, destruído por guerras nucleares, poluição e um sem-número de consequências dos desmandos da raça humana, em sua ganância insaciável.
Parece-me que a Guerra Fria, na qual nos vimos à beira de um holocausto nuclear, nos impregnou de uma consciência pesada coletiva, uma decepção generalizada com a raça humana, e daí nos vemos destruindo o planeta. Uma visão pessimista do Espírito imortal, onde tombaríamos derrotados pelo nosso orgulho e egoísmo, nos destruindo em uma hecatombe sem precedentes.
É preciso acreditar nas potencialidades do homem, Espírito encarnado, como herdeiro de Deus capaz de se melhorar e de superar as suas mazelas morais. Nesse sentido, vejamos o que nos diz a Doutrina espírita, com seu marcante caráter libertador de consciências, sobre a natureza do Espírito e do seu porvir.
A Gênese assevera, no seu Cap. XVII, que: “64. – A doutrina de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à Humanidade, repugna à razão, por implicar a inatividade de Deus, durante a eternidade que precedeu à criação da Terra e durante a eternidade que se seguirá à sua destruição”. Apresenta o trecho a inviabilidade de um desejo divino oculto e sádico de destruir a sua própria criação.
Da mesma forma, o Cap. XV do Evangelho indica: “No quadro que traçou do juízo final, deve-se, como em muitas outras coisas, separar o que é apenas figura, alegoria”, apresentando a necessidade de se olhar esse arquétipo do fim dos tempos, ainda tão em voga, com os olhos de ver e os ouvidos de ouvir.
Por fim, temos a pergunta n° 1019, do LE, que nos diz: “Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo. Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova”.
Esses breves excertos de nossas obras básicas não deixam dúvidas de que essa ideia de futuro catastrófico, ancorada na visão de um Deus passional e vingativo, não tem eco nas límpidas elucidações da doutrina espírita, que apresenta a ideia da evolução, onde todos, como filhos do Pai, têm a chance de evoluir pelas bênçãos da reencarnação, em um conceito de Deus infinitamente justo e bom, que ama a todos.
Desde a passagem do último milênio, as produções culturais nos brindam com essas visões destrutivas do futuro, e diversas religiões asseveram o fim, perplexas com as mudanças ciclópicas que chegam aos costumes, pela tecnologia e pela globalização.
 De nós, espíritas, espera-se uma visão mais ampla dessa questão, entendendo que a chegada da geração nova será marcada por avanços espirituais e que Deus continua sendo o mesmo Pai amantíssimo, como nos ensinou Jesus, passados dois mil anos. Um Pai que aposta em nós a cada vez que nos oferta a bendita oportunidade da reencarnação.
Por fim, citando o poeta Vinícius de Moraes na canção “Cotidiano n° 2”: “Aí pergunto a Deus: escute, amigo, se foi pra desfazer, por que é que fez?”, percebemos na simplicidade do pensamento, a obviedade da realidade.

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