quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Identidade de Gênero na visão Espírita

Antes de iniciar qualquer comentário, vamos diferenciar identidade de gênero de orientação sexual.

1. Identidade de gênero: é uma identificação com determinado gênero. A pessoa se vê como homem, como mulher, como ambos ou mesmo como nenhum dos dois gêneros. Vamos deixar abaixo o significado de alguns termos importantes para perceber as diferenças:

a. Cisgênero: o indivíduo se identifica com o mesmo gênero que lhe foi dado no nascimento.

b. Transexual e/ou transgênero: a pessoa se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi dado no nascimento.

2. Orientação sexual: é uma inclinação da pessoa no sentido de atração sexual e vínculos amorosos. Ou seja, ela sente atração por qual gênero/sexo?

a. Heterossexual: Por alguma pessoa de outro gênero
b. Homossexual: Por alguma pessoa do mesmo gênero
c. Bissexual: Por ambos
d. Assexual: Por nenhum dos dois gêneros

- Observações gerais -

1. A doutrina espírita procura observar todos os fenômenos da humanidade com o máximo de racionalidade e clareza possível. Na maioria das vezes ela anda na vanguarda ou de mãos dadas com o entendimento científico, visto que o espiritismo também é ciência;
2. Evitamos fazer julgamentos;
3. Quando nos deparamos com algum assunto desconhecido, devemos procurar o entendimento e não emitir opiniões precipitadas baseadas no "disse me disse" popular;
4. O espiritismo possui opiniões diversas devido a complexidade do movimento espírita brasileiro e suas vertentes e interpretações;
5. Reconhecemos que quem discorda muitas vezes está apenas ancorado pela falta de informação, nem sempre condiz com o real caráter da pessoa.

- Posicionamento -

Os espíritos não possuem sexo. As diferentes apresentações físicas sexuais ao longo das diversas existências podem de alguma forma deixar no espírito tendências ao gênero de sua vida anterior. Mas isso não necessariamente é um desvio ou um defeito.

A literatura espírita aborda este assunto emitindo diversas opiniões. É possível observar que ao longo das décadas, os autores espirituais também ganharam mais entendimento e começaram a opinar de forma racional e até mesmo com teses científicas, evitando ao máximo dizer "o que é certo e o que é errado". É importante que as pessoas se desvinculem da idolatria de alguns autores espirituais, reconhecendo que todos nós somos falhos, e até mesmo eles que vivem na erraticidade (ainda há necessidade de reencarnar) são propensos ao erro e a emitirem opiniões precipitadas. Vale lembrar também que todos nós estamos buscando o progresso moral.

Se estamos caminhando para um mundo de regeneração, aonde todas questões relacionadas à carne serão relegadas a segundo plano, talvez seja esta uma ótima oportunidade de colocarmos em prática a lei do amor. Entender e aceitar o outro lado, suas diferenças. Acolher com amor e respeito, sem julgamento, sem críticas, apenas orientando e amparando, de modo a conduzir a pessoa para o entendimento e a felicidade moral e espiritual. Sim, é nossa obrigação.

E todo aquele que de alguma forma se identifica de um gênero oposto ao de nascença, devem buscar o conhecimento. Buscar ajuda psicológica de modo que possam entender o que estão passando. Se são realmente de outro gênero, que sejam conduzidos à transição de forma segura e adequada, acompanhada por profissionais e pela família.

Entendemos a preocupação de alguns pais com a abordagem desses temas nas novelas e programas de TV, mas eles devem se lembrar que a obrigação de educarem seus filhos é dever deles. Não terceirizem a educação de seus filhos para uma emissora de TV. Nem mesmo as escolas possuem tal obrigação. Se seus filhos estão dentro da faixa de classificação etária da novela, usem este espaço para educá-los, para torná-los cidadãos comprometidos com o bem coletivo. Não propaguem preconceitos baseados em desinformação.

O estudo da doutrina espírita é fundamental. Vemos muitos irmãos emitindo opiniões que vão ao contrário da visão geral espírita dos assuntos: a do entendimento. Talvez você não consiga aceitar, por questões diversas que não vem ao caso, mas a obrigação de todos é respeitar. Vivemos em sociedade e todos tem o direito de ser feliz.

Convidamos todo o movimento espírita a debater mais, a propagar conhecimento e entendimento, inclusive nos congressos que acontecem anualmente.

Agradecemos os comentários de todos os seguidores. Lembrem-se: não queremos convencer, apenas esclarecer.

Luz e paz!

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